Lust for life: uma nova persona de Lana del Rey

Emanuela Souza
3 min readSep 14, 2017

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Apesar da melancolia e influência dos anos 60 característica de seus discos, Lana conseguiu trazer uma proposta diferente em suas letras

Após meses de especulações e fãs ansiosos depois dos singles lançados, Lust for Life finalmente foi lançado no dia 21 de julho. Infelizmente, o álbum com todas as faixas vazou já de madrugada, algumas horas antes de ser lançado oficialmente, mas isso não impediu o hype que aguardava ansiosamente pelo novo disco da “rainha das bads”.

Se em Born to Die o lema era “queria estar morta”, em Lust for Life, podemos ouvir Lana estufando o peito para dizer “pessoal, vamos viver a vida intensamente pois ela é apenas uma”. O novo álbum exalta a liberdade física e espiritual, e nos instiga a buscar nossa paz. Apesar de ter se arriscado em outras águas, como nas faixas ‘Summer Bummer’ e ‘Cherry’, ainda podemos ver a aura melancólica e obscura que é a marca da cantora. Mas dessa vez, suas sombras trazem uma mensagem positiva. Como afirmou outras vezes, Lana se atentou à situação política pela qual os EUA estão passando, o que refletiu diretamente no novo álbum.

A aposta no trip hop (gênero que é marcado por batidas desaceleradas, uso de instrumentos convencionais e acústicos, quase como uma música eletrônica lenta), foi uma surpresa. Faixas como em ‘Get Free’, ’13 Beaches’, ‘In My Feelings’, tem uma sonoridade agradável e ao mesmo tempo instintiva. Elas entram em nossa mente e podem ser repetidas diversas vezes, sempre com um sentido diferente. Isso consiste na proposta lançada por Lana del Rey, de fazer um álbum para seus fãs.

Mas apesar de toda a empolgação e amor dos fãs por Lust for Life, ainda é necessário avaliar pontos que não foram tão positivos. Mesmo que tenha tentado sair um pouco da musicalidade inspirada nos anos 50 e 60, ainda há a boa e velha receita de bolo dos discos indie. Alguns ritmos, sentidos, graves e sons vão se repetindo ao longo das faixas, como em ‘Love’ e ‘When the World Was at War We Kept Dancing’, que apesar de estarem entre as melhores faixas do álbum, acabam tornando Lust for Life repetitivo. Talvez seu apego e sua identidade com o pop barroco e ao slowcore, tenham levemente impedido sua promessa de um disco 100% novo em propostas e musicalidade.

No entanto, mesmo que hajam falhas, Lust for Life funcionou perfeitamente, principalmente com as parcerias que realizou. Sean Lennon, Stevie Nicks, Playboi Carti, cada um com um estilo e produção diferente, ajudou Lana com a proposta de um álbum diferente. Em ‘Lust for Life’ é possível perceber uma ligação sentimental entre o The Weeknd e Lana. A química que desenvolveram tanto na música quanto no clipe, fez jus ao nome disco. A união da dupla ajudou a deixar nítida a mensagem de liberdade, amor e felicidade acima de qualquer outra coisa.

Lust for life não trouxe uma musicalidade muito diferente dos outros álbuns. Já as letras mudaram da água pro vinho e podem ser definidas com o título do primeiro single lançado: ‘Love’. Unidas, elas formam um livro sonoro que traduz a perspicácia do amor e suas vantagens e armadilhas. Estar apaixonado não apenas romanticamente, mas estar apaixonado pelo seu emprego, pelos seus amigos, pela juventude. O álbum marca a transição de Lana del Rey como cantora e pessoa e mostra o quanto ela procurou evoluir e arriscar.

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Written by Emanuela Souza

Escritora por natureza, Jornalista por instinto. Apaixonada por palavras e pelos universos proporcionados por elas.

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